A estratégia visa aumentar, já neste ano, 20% o faturamento de 2023, que foi de 100 milhões de reais
Quando ninguém podia se encontrar durante a pandemia por causa das restrições sanitárias, as empresas que precisavam contratar pessoas, fazer acordos ou usar documentos oficiais enfrentaram um desafio e tanto: como fazer assinaturas sem que os envolvidos estivessem presencialmente assinando os papéis.
Mas há um passo além, que também ganhou força durante a pandemia: o de certificados digitais. Nele, a assinatura ganha como reforço uma identidade virtual, que confere validade jurídica e aspectos de segurança digital em transações digitais.
Uma empresa de Formiga, a cerca de 170 quilômetros de Belo Horizonte, já estava preparada para atender essa demanda. Criada em 2013, a Certifica nasceu de um desejo do mineiro Heitor Pires de empreender. Formado em contabilidade, o mineiro percebeu, atuando como contador, que uma demanda para certificados digitais começa a surgir, para agilizar a assinatura de contratos e transações de documentos, por exemplo.
“Primeiramente eu atuei como representante de uma outra empresa vendendo certificados digitais. Mas a demanda ficou tão alta que percebi que dava para criar um negócio meu”, diz.
Nascia assim a Certifica. Em menos de dois anos, a empresa passou a atuar também fora de Minas, mas sempre revendendo certificados. Ou seja, até aquele momento, não produzia certificados digitais em si, apenas prestava o serviço contratando uma fornecedora.
As coisas começaram a mudar em 2017. Na ocasião, a mineira fechou uma parceria com a catarinense Bry Tecnologia, que produzia a tecnologia que emitia os certificados, e juntas criaram uma joint-venture certificadora.
Agora, a empresa dá um novo passo para a consolidação de sua operação. Ela acaba de comprar a Bry Tecnologia e se fundir com a Syngular, formando um único grande grupo, avaliado em 300 milhões de reais.
O objetivo da criação do Grupo Certifica é ampliar a participação no mercado de certificação e assinatura digital. A estratégia visa aumentar, já neste ano, 20% o faturamento de 2023, que foi de 100 milhões de reais.
“A ideia com a aquisição é termos a capacidade, dentro da própria Certifica, de fazer o processo completo, desde vender um certificado a emitir e produzir esse certificado digital”, diz Pires.
“O mercado de certificação digital exige, além de tecnologia, expertise de varejo e infraestrutura”, afirma Carlos Roberto de Rolt, fundador da Bry. “A Bry sempre teve domínio da tecnologia, mas faltava experiência em venda via rede de varejo, algo que a Certifica já tinha de sobra”.
No mundo, o mercado de certificados digitais já movimenta 171 milhões de dólares, segundo a consultoria Grand View Research. A perspectiva é que ele cresça numa taxa de 11% ao ano até 2030.
Como será a fusão
Apesar da fusão, as três marcas vão seguir atuando em mercados distintos.
Bry: desenvolvedora de tecnologias de identificação e biometria, como assinatura, certificado digital e carimbo do tempo.
Certifica: distribuidora de certificados digitais
Syngular: empresa que checa se o certificado digital é verdadeiro
Com a formação do Grupo Certifica, as empresas somam 410 funcionários e cerca de 2 milhões de clientes.
Ao todo, são mais de 3 bilhões de assinaturas digitais, 1,5 bilhão de carimbos, 30 milhões de dados biométricos e mais 8 milhões de certificados digitais.
No mercado de certificação, os números representam 19% do volume de emissões no país.
“Agora, além da máquina de vendas que já tínhamos com a Certifica, temos a autoridade da Syngular e o domínio sobre a tecnologia da Bry e isso nos permite continuar evoluindo nossas soluções para que se tornem cada vez mais atraentes ao mercado”, afirma Pires.