As epidemias climáticas têm se tornado uma preocupação crescente na agenda global de saúde pública. Paulo Henrique Silva Maia, Doutor em saúde coletiva pela UFMG, explica que a correlação entre mudanças climáticas e o aumento de surtos de doenças infecciosas já não pode ser ignorada.
Essa relação direta entre o clima e a disseminação de doenças evidencia a urgência de políticas preventivas e adaptativas em escala internacional. Confira!
O que são epidemias climáticas e por que elas estão aumentando?
As epidemias climáticas referem-se à propagação de doenças impulsionadas por fatores ambientais como aquecimento global, desmatamento, eventos climáticos extremos e urbanização desordenada. Esses fatores alteram o equilíbrio ecológico, favorecendo a proliferação de vetores como mosquitos, carrapatos e roedores. Conforme Paulo Henrique Silva Maia, essas alterações ambientais ampliam o alcance geográfico de agentes transmissores de doenças como dengue, malária, zika e chikungunya.
O aquecimento global modifica os padrões climáticos e afeta diretamente a incidência de doenças infecciosas e respiratórias. Ondas de calor, secas prolongadas e chuvas intensas criam um cenário propício para a contaminação de alimentos e água, além de prejudicar a infraestrutura de saneamento básico. Essas condições resultam em um aumento de doenças de veiculação hídrica, como cólera e hepatite A, especialmente em populações vulneráveis.
Quais doenças estão ligadas às mudanças climáticas?
Diversas doenças estão diretamente associadas ao impacto do clima. Entre as principais, destacam-se:
- Doenças transmitidas por vetores: como malária, dengue e febre amarela, intensificadas pelo aumento das chuvas e temperaturas.
- Doenças respiratórias: como asma e bronquite, agravadas pela poluição atmosférica e queimadas.
- Doenças de origem hídrica e alimentar: como diarreias infecciosas, que se tornam mais frequentes em períodos de enchentes e contaminação de reservatórios.

Paulo Henrique Silva Maia pontua que o aumento desses casos compromete a capacidade de resposta dos sistemas de saúde, especialmente em países de baixa e média renda, que possuem menos recursos para enfrentamento de surtos.
Qual é o papel das políticas públicas diante das epidemias climáticas?
As políticas públicas desempenham um papel essencial na mitigação dos efeitos das epidemias climáticas. É fundamental que os governos implementem ações de vigilância epidemiológica, controle ambiental, educação em saúde e fortalecimento da atenção básica. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, a integração entre saúde, meio ambiente e planejamento urbano deve ser estratégica. Investimentos em infraestrutura sustentável, saneamento e energia limpa são cruciais para reduzir a vulnerabilidade das populações.
No entanto, a cooperação internacional é indispensável para enfrentar os desafios das epidemias climáticas. Acordos multilaterais, como o Acordo de Paris, devem ser fortalecidos para garantir o cumprimento de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a comunidade científica e os gestores públicos precisam atuar coordenadamente, promovendo pesquisas e capacitação de profissionais. Somente por meio de ações conjuntas será possível reduzir os riscos globais à saúde.
Quais são os caminhos para aumentar a resiliência da saúde frente às mudanças climáticas?
Para fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde, é necessário adotar medidas como:
- Implementação de sistemas de alerta precoce para surtos de doenças.
- Expansão da cobertura de saúde em áreas vulneráveis.
- Treinamento de equipes de saúde para atuar em emergências climáticas.
- Integração de dados meteorológicos e epidemiológicos para antecipar riscos.
Essas estratégias tornam os sistemas mais preparados para lidar com o aumento de casos e evitar colapsos em momentos críticos. Conforme destaca Paulo Henrique Silva Maia, compreender a relação entre clima e doenças é o primeiro passo para desenvolver políticas eficazes e sustentáveis. Cabe à sociedade, aos governos e à comunidade científica unirem esforços para mitigar os danos e construir um futuro mais seguro e saudável.
Autor: Todd C. Cooper